tanto espaço e nada
tudo vago em casa
o corpo agora frio
nao liga se é noite ou dia
o jardim onde nao estou
é feliz, vivaz
onde estou, não sabem que estou
A morada sobre mim
me sufoca e é maior que eu
os amores que (nao) vivi
me esqueceram há muito
e as maes que (não) tive
nunca me choraram
nada restou do que nao fui
nada é o que nao sou
e o que serei
terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
sou eu quem vaga pela madrugada
que insisto no escuro enquanto procuro
alguma coisa para beber, alguma coisa pra esquecer
o que meu outro se perdeu no meio do caminho
em meio a meia luz que a qualquer canto o conduz
e qualquer claridade me traz sanidade
me remete ao outro pouco a pouco
à medida que tento apagar alguma chama
que me acende e me acaba
levando e trazendo um dia que não tem fim
e é sempre o mesmo ao meu inverso que nunca sou e sempre findo
me termino, me começo, me'sturo
e continuo a caça do meu outro em meio
a qualquer luz enquanto a brasa deve lhe aquecer
levo algo que ele possa acender
que insisto no escuro enquanto procuro
alguma coisa para beber, alguma coisa pra esquecer
o que meu outro se perdeu no meio do caminho
em meio a meia luz que a qualquer canto o conduz
e qualquer claridade me traz sanidade
me remete ao outro pouco a pouco
à medida que tento apagar alguma chama
que me acende e me acaba
levando e trazendo um dia que não tem fim
e é sempre o mesmo ao meu inverso que nunca sou e sempre findo
me termino, me começo, me'sturo
e continuo a caça do meu outro em meio
a qualquer luz enquanto a brasa deve lhe aquecer
levo algo que ele possa acender
sábado, 9 de maio de 2009
domingo, 15 de março de 2009
Porra
To puto
Quero me gritar
Quero me embriagar
Quero pirar.
Continuo careta, mas careta é careta
Porra
Estou no ponto de cortar minha garganta
pra ver se sai dela um grito torto
um grito louco
um grito
desesperado
mas sem desespero
em que eu me espero
gritar
e gritar
e sem voz
continuar a gritar
sem fazer alarde
sem despertar
somente
GRITAR!
AAAAAAAAAAA!
To puto
Quero me gritar
Quero me embriagar
Quero pirar.
Continuo careta, mas careta é careta
Porra
Estou no ponto de cortar minha garganta
pra ver se sai dela um grito torto
um grito louco
um grito
desesperado
mas sem desespero
em que eu me espero
gritar
e gritar
e sem voz
continuar a gritar
sem fazer alarde
sem despertar
somente
GRITAR!
AAAAAAAAAAA!
sábado, 14 de março de 2009
terça-feira, 10 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Vivo amanhã, pensando ser ontem
Corto o espaço do tempo e embaralho numa gaveta
Vivo um dia que nunca terminou, nem quer.
Faço um escândalo sem ninguém saber
e sou a pedra no meu caminho
Vivo uma estrada indeterminada
sem fim, sem caminho, sem carinho
Vivo a consequência do amanhã que nunca chegará
sou um retalho indefinido em várias canções...
Corto o espaço do tempo e embaralho numa gaveta
Vivo um dia que nunca terminou, nem quer.
Faço um escândalo sem ninguém saber
e sou a pedra no meu caminho
Vivo uma estrada indeterminada
sem fim, sem caminho, sem carinho
Vivo a consequência do amanhã que nunca chegará
sou um retalho indefinido em várias canções...
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
domingo, 4 de janeiro de 2009
Embriagado de sentimento imediatista...
Lisbon revisited (1926) - Álvaro de Campos
Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os
Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...
Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...
Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...
Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os
Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...
Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...
Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Quinta-feira.
Enfim, mais um dia
mais um instante
mais uma semana
outro mês
outro ano
novos números,
outros planos
a mesma vida
as mesmas pessoas
a mesma rotina
os mesmos compromissos
de tantos desejos não realizados
as mesmas aspirações
a mesma vida. né
e agora o que eu faço com esses números?
coloca no bolso e sai andando.
e o que mudou?
continua tudo como ontem e como amanhã
mais uma quinta-feira
mais um feriado
mais um dia
mais um segundo que a gente pensa que tá perdendo
mais um ano que a gente acha que passou e ta vindo outro
mais uma semana na conta da rotina
mais um mes e mais compromissos
mais chão e menos vida
é assim, meu irmão, a gente por aqui e o tempo continua rolando.
Enfim, mais um dia
mais um instante
mais uma semana
outro mês
outro ano
novos números,
outros planos
a mesma vida
as mesmas pessoas
a mesma rotina
os mesmos compromissos
de tantos desejos não realizados
as mesmas aspirações
a mesma vida. né
e agora o que eu faço com esses números?
coloca no bolso e sai andando.
e o que mudou?
continua tudo como ontem e como amanhã
mais uma quinta-feira
mais um feriado
mais um dia
mais um segundo que a gente pensa que tá perdendo
mais um ano que a gente acha que passou e ta vindo outro
mais uma semana na conta da rotina
mais um mes e mais compromissos
mais chão e menos vida
é assim, meu irmão, a gente por aqui e o tempo continua rolando.
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