segunda-feira, 24 de maio de 2010

"EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!"

Mario Quintana - A Cor do Invisível

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Minha vida não é um filme ou Nunca mais como um Macamonstro.

Era quase manhã, não sei o motivo, mas eu andava com meu amigo Sode na praça e ele tentava me explicar porque todas as manhãs várias pessoas ficam na porta do Nina Rodrigues. Ele disse que já tinham gastado 500 reais com ele lá sem necessidade. E alguns internos pegavam madeiras da Igreja e levavam pra lá.
Eu peguei uma madeira e fui me infiltrar pra tentar conhecer o lugar. Quando entrei, eu estava num galpão vazio com uma cabine iluminada no final.
Encostei a madeira numa coluna e procurei alguem ou alguma coisa, quando vi um vulto na porta da cabine e um grito "Ela é puro Extase!", era um louco.
E ele continuava "Extase!" "Extase!" até ter coragem de sair e deixar eu olhá-lo. Sentamos frente a frente e ele continuou: "Extase!" e eu comecei a me divertir com a loucura dele e brincando respondia: "Extase!". Mas ele me advertiu agressivamente quando eu respondi olhando na cara dele: "Não pode me olhar, tem que olhar pra outro lado e gritar, Extase!"
Eu comecei a olhar pra todos os lados gritando freneticamente "Extase!", "Extase!", "Extase!". Quando apareceu uma enfermeira perguntando se a gente já tinha se identificado.
Sem entender reparei que eu tinha um anel e o louco também. Ela disse que ia buscar a medicação e eu fui atrás depois de uma breve discussao, porque ela disse que tinha "pensado um pensamento" e eu a chamei de burra. Ela pegou uma seringa atras de um falso azulejo na salinha verde enquanto eu caminhava rumo a saída. Ela era loira. Correu atrás de mim dizendo tinha que me dar aquilo na veia. E eu calmo, disse que ninguém me furaria. Ela insistiu tentando me furar. Eu continuei dizendo que ela tava louca e devia parar com aquilo, ninguem ia me furar. Comecei a me desesperar, tentando tomar a seringa da mulher, chutando-a Sem sucesso. No desespero comecei a gritar: "Isso é coisa de filme! Tu tá louca?! Pára com isso! Isso é coisa de filme! Isso é coisa de filme!"
Depois de muita luta a mulher já tava quase me furando, ainda sem sucesso berrei: "Minha vida não é um filme! Minha vida não é um filme!"
Acordei com o coração acelerado.