segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ora, qual o homem que consegue fugir da sua sina?
Eu, por exemplo, nunca consegui.
Sou fadado à dor, ao sofrimento, à solidão, mesmo tendo nascido sem essa vocação.
Mesmo em meio à multidões, obrigações, amigos, diversões, na correria do trânsito, das aulas, das burocracias, em meio a canções, vinhos e afins eu estou sempre. Sempre só.
Solidão nem tanto, as vezes tarda. A dor sempre me acompanha, me garante sua eterna companhia e abrigo, me roendo por dentro.
Sofrer talvez não seja de todo ruim. Quando, assim como eu, acostuma-se com a sua presença, torna-se até agradável.
A certeza de ter dor o suficiente para preencher meu vazio me tranquiliza e me faz pensar, que eu seria se não sofresse?
Me faz não ter resposta, mas saber que não preciso de uma, a questão me basta.
A dor me faz como sou, mais vivo e menos só.
Muitos sofrem pelo carro que foi roubado, pelo dinheiro que perdeu, pelas contas que não pode pagar, pelo amor que se acabou, pelo time que perdeu, pelo irmão que partiu sem volta, pelo pai que já morreu...
Eu sofro por sofrer.

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